UM ALUNO DIFERENTE |
Um aluno diferente Em meio a uma aula de história onde o professor está explicando sobre o descobrimento do Brasil, eis que alguém levanta a mão e pergunta sobre Che Guevara. Essa mesma criança não gosta muito de fazer as tarefas e possui dificuldade para se enturmar com os demais colegas. Prefere conversar com os mais velhos. É muito questionador e curioso, mas somente sobre temas que lhe chamam atenção. A princípio, parece ser apenas um aluno desinteressado, porém, pode ser um estudante com superdotação ou altas habilidades. A grande dificuldade de se evidenciar o diferencial desse aluno é pela ideia errônea que se possui daquele que apresenta inteligência acima da média. Muito ainda se acredita que o superdotado sabe tudo, e que não há porque explicar-lhe nada. Bem, até hoje não existe registro de sequer um ser humano que tenha nascido sabendo de tudo. Mesmo este que possui uma capacidade maior precisa passar pelo processo de aprendizagem. O desinteresse pela matéria e pelas tarefas ajudam a confundir o professor. Acontece que para o educando discutido aqui, o currículo corriqueiro se torna enfadonho. Para eles, é fácil demais. Porém, é de suma importância que perpassem por tal conteúdo como qualquer outro aluno. Em sala de aula não há necessidade de uma diferenciação. Todavia, em outros locais de ensino, como a sala de recursos para altas habilidades, aulas de inglês ou de instrumentos musicais, faz-se imprescindível que uma liberdade prevaleça dentro de sua curiosidade. Necessita de um enriquecimento curricular. De fato, é um aluno que exige mais. E não só dos professores. Para os pais, trata-se de uma longa jornada em busca de recursos que possam ajudar esse filho diferente. Lida-se com muita incompreensão e preconceito, inclusive de professores. A questão é que esse estudante possui uma habilidade acima da média em termos de memória, vocabulário e compreensão. Não quer dizer que isso seja diretamente aplicado à matemática e ao português. Será aplicado àquilo que passar pelo desejo dele e o educador precisa compreender isso. Ainda muito se estuda sobre o diagnóstico de superdotação e sua origem, que pode perpassar por fatores orgânicos e ambientais. A questão é que os educadores e as famílias precisam estar preparados para amparar essa criança que foge do comum. Por: Érico Peres Oliveira é psicólogo e psicanalista da Clínica Psicanalítica, em Francisco Beltrão (PR). Reportagem publicada no site do Jornal de Beltrão http://www.jornaldebeltrao.com.br/blogs/olhar_analitico/um-aluno-diferente-8587/ Atualizado em: 18/10/2013 - 09:53 |