PROFESSOR É PROFESSOR, NÃO CONFUNDA COM PAI E MÃE
Jornalista: Cristiane Sabadin (Jornal de Beltrão)
Dia desses, aqui na Redação, o jornalista Badger Vicari me fez recordar de uma professora do ensino fundamental. Eu devia estar na 7ª série. Ela tinha aquele costume que eu acho horrível: ficava parada do lado da carteira da gente, olhando exatamente pro caderno. Nos dias de prova, fazia a mesma coisa: parava, olhava e não saía. Coisa chata, constrangedora. O Bada, brincando, fez a mesma coisa e eu morri de rir lembrando o quanto isso me incomodava na escola. Confesso que ainda hoje me estresso um pouco, parece que a outra pessoa está aí, esperando uma falha sua pra apontar, ou uma brecha pra dizer “eu faria assim se fosse você”. Imagina, então, como eu ficava no auge dos meus 12 anos.
Lembrei desse pequeno detalhe bobo da minha infância escolar pra alertar alguns professores. Certas atitudes às vezes travam os alunos, os deixam amedrontados, e o que a gente aprende e vivencia na escola, não esquece. Coisa de criança. Mas os pais são piores quando o quesito é atrapalhar a vida dos pequenos — no bom sentido, claro. Não me entra na cabeça aquela história de “meu filho foi mal porque o professor não ensinou direito”. Tudo bem, o professor pode ter sua parcela de responsabilidade, mas não é de todo culpado. Ouvir os dois lados é sempre o melhor caminho. Outra coisa chata é ficar achando que “filho meu” é sempre o correto. Não adianta: tem pai e mãe que tapa o sol com a peneira e prefere achar que todos os problemas do mundo dizem respeito aos demais seres humanos, nunca a sua prole.
Os pais, assim como os professores, precisam vivenciar a vida escolar dos filhos, porque é neste local que os pequenos aprendem a dividir, a compartilhar, a assumir pequenas responsabilidades. Mas nada de exagerar, gente, por favor! O artigo da Rosely Sayão (Folha de S. Paulo) da semana passada, com o título “Pai não é professor particular”, deixa isso bem claro: pai e mãe podem ajudar, mas não virar “policial do estudo dos filhos”. É preciso fazer uma troca: na escola eles aprendem, já que o ambiente é especializado em ensino; em casa eles voltam a ser filhos, com uma educação que vai além dos bancos escolares.
Talvez esteja faltando esse detalhe (que não é pequeno) e os alunos chegam em sala de aula sem aprender que os mais velhos precisam ser respeitados, que gritar não é o mesmo que falar em tom mais alto, que jogar sujeira no chão não é legal, mesmo que haja pessoas trabalhando para cuidar da limpeza da escola. É dever dos pais educar, conversar, reprimir se for o caso. Os professores também têm filhos e vivem rodeados de criaturinhas bem diferentes todos os dias. Então, é preciso dividir as responsabilidades. Seu filho, aposto, dá conta sozinho de muitas tarefas e trabalhos. Vai ver que ele precisa mesmo é de pai e mãe em casa, pelo menos num período do dia.
Atualizado em: 03/08/2012 - 11:00
Fonte: Jornal de Beltrão
Jornalista: Cristiane Sabadin
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